A POLUIÇÃO E A VIDA NA ÁGUA
Pesquisadora Cacilda Thais Janson Mercante, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
de Recursos Hídricos, Instituto de Pesca
Disponível em: www.pesca.sp.gov.br/textos.php, outubro 2005
Os elevados níveis de poluição do ar, da água e dos solos tornaram-se
ultimamente muito preocupantes. Diariamente, a mídia noticia ações
graves de degradação ambiental e seus efeitos sobre a vida no Planeta.
Não há necessidade de se buscarem mais provas e demonstrações dos
efeitos negativos que o descuido com o meio ambiente causa em todos
os níveis da biosfera. As mudanças de temperatura na Terra já vêm
trazendo conseqüências devastadoras, como descongelamento de
geleiras, tempestades e vendavais. No Brasil, os efeitos da poluição
ainda estão um pouco mascarados, em razão da enorme área do país e
da abundância de água: rios de grande extensão e uma enorme costa,
com incontáveis km2 de oceano.
Em vista disso, ainda não existe uma consciência plena dos efeitos do
descuido com a Natureza, apesar de os programas de Educação
Ambiental desenvolvidos nas escolas serem importantes, embora ainda
tímidos, instrumentos para prevenir desastres maiores no futuro. Hoje,
a crescente industrialização do país, a expansão das fronteiras agrícolas
e a explosão urbana vêm acarretando sérios problemas, como
enchentes, mudanças do clima (quem imaginaria seca na Amazônia?),
erosões do solo e poluição do ar e da água.
Dentre os prejuízos que a poluição traz aos seres vivos, destacam-se os
seus efeitos negativos sobre a comunidade de peixes. No Brasil, os
corpos aquáticos têm sofrido com a perda de sua diversidade
ictiofaunística devido a mudanças de suas características naturais,
principalmente em decorrência do represamento de rios, do
desmatamento ciliar e da crescente contaminação das águas.
A poluição provoca a morte de toneladas de peixes, devido,
principalmente, à redução do oxigênio dissolvido na água. Essa perda de
oxigênio ocorre pela entrada de poluentes procedentes, sobretudo, de
esgotos domésticos e industriais, que trazem grande quantidade de
matéria orgânica para os sistemas aquáticos, sendo que no processo de
decomposição dessa matéria orgânica as bactérias utilizam oxigênio
disponível na água. Infelizmente, o alerta para a população e para
órgãos públicos de que os níveis de poluição estão críticos é feito, de
modo geral, somente quando se visualizam peixes mortos na superfície
da água. Porém, é importante saber que tais situações são evitáveis.
Para isso torna-se necessário considerar os corpos d’água como locais
onde existe Vida manifestada das mais variadas formas, que nem
sempre são observáveis a olho nu.
Os peixes são fáceis de se ver, entretanto há também diferentes
microrganismos que podem ser observados somente ao microscópio,
como algas unicelulares, organismos zooplanctônicos, bactérias e
fungos. Além disso, diversos nutrientes (elementos químicos absorvidos
como alimento por organismos aquáticos) propiciam uma dinâmica
importante para a manutenção da vida dos peixes. Pode-se comparar a
dinâmica, o encadeamento, que ocorre no meio aquático ao efeito
dominó, aquela brincadeira com as peças do jogo de dominó, em que se
colocam uma próximo à outra, e quando a primeira cai, as demais caem
seqüencialmente. Assim, quando qualquer substância que não faz parte
de um determinado sistema aquático é inserida no ambiente pode
ocorrer um efeito “dominó” negativo, ou seja, uma reação em cadeia
que provoca desequilíbrio nas interações entre o meio vivo e o não vivo,
ocasionando, ao final, a morte de peixes. Portanto, o conhecimento das
relações entre causa e efeito é fundamental para uma “administração
ecológica” do meio ambiente sob impacto das atividades humanas,
visando à manutenção da vida não só no meio aquático, como em
qualquer outro espaço da Natureza.
Aquela frase muito conhecida: “Prevenir é o melhor remédio” pode ser
bem usada nas questões do ambiente, ou seja, um conhecimento
adequado dos ciclos naturais e uma boa relação entre homem e
Natureza ainda é a melhor vacina contra os males ambientais.
ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/poluicao_agua.pdf
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